Qualidade Vivida

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

"Saudade de mim adolescente"

"Senti saudade de mim mesma naquela época"
(Cecília de Castro )

          Eu fiquei inquieta depois que ouvi essa frase. Enquanto não assisti Tim Maia, não sosseguei. E pensava sempre: também quero sentir saudade de mim, "ontem"! Desde então, muita coisa foi me reportando à minha juventude, na minha memória: parque de diversões, amigos, reuniões em casa (chamávamos de "hi-fi"), patinar no Roxy Roller, dormir na casa de amigos, assistir os campeonatos de natação e de Pólo Aquático no Parque Desportivo da Gama Filho, ouvir música com o headfone, na saleta da casa da amiga Zeneuda, em Copacabana, depois partir para aquela corridinha no calçadão... Pois é... Senti saudade de mim, lá! Passar pela Siqueira Campos, depois dessa frase, me remete ao final dos anos 80. Época em que entre os meus programas preferidos estava ir à "Mamute", na Tijuca, assistir Kid Abelha, RPM, Metrô... 
          De tanto que eu falei dessa saudade de mim, minha filha conseguiu arrumar um tempo para assistir ao filme, comigo. No caminho, eu disse pra ela: 
"- Filha, não conheço ninguém da minha época que não tenha cantado Tim Maia sem emoção na voz!"
"- Mãe, até eu canto Tim Maia. Lembro do dia em que ele morreu e sei cantar quase todas as músicas."
          E assim fomos ao cinema, assistir nosso querido Tim Maia. Alguém uma vez me falou que é sempre prudente ficarmos de fora da vida privada dos nossos ídolos. Tim Maia não é propriamente um ídolo, eu nunca fui chegada nessa coisa de colocar o outro em pedestal. Mas esse cara fez diferença na minha vida com suas músicas... A mídia sempre divulgou a parte descomprometida dele e isso eu não curtia muito. O único show dele que eu fui foi no Hotel Nacional, em 1989 e ele estava lá... Foi perfeito!
          Começou o filme e com ele a história com as drogas e o descomprometimento com o público. Contudo, foi bacana saber que o entregador de quentinha era o dono da voz mais potente que eu já tive o privilégio de ouvir ao vivo! Os gênios são assim: se perdem deles quando mais precisam de si. E com Tião não seria diferente. Na minha vida ele foi o dono de algumas trilhas sonoras que embalaram alguns amores... E hoje? Bem, sou feliz, a-go-ra!