Qualidade Vivida

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Acácia Dourada

Saquarema, 13 de março de 2010
Dia de sol e céu sem nuvens - não corria nem mesmo uma brisa. Decidi plantar uma árvore que representasse o meu estado de espírito, naquele momento. Fui até a floricultura e escolhi a Acácia Imperial.
Era uma muda tão pequena que algumas pessoas duvidaram que ela vingaria. Ela vingou... Cresceu, mas cresceu tanto que eu não via a hora das flores aparecerem. E nada! Três primaveras e a árvore nem nos dava uma chance de acreditar que dela brotariam flores... e eu sempre a esperar... Nunca duvidei que elas viriam... Sempre que chegava a casa eu beijava seu tronco e dizia: cheguei e estou feliz em vê-la aqui! Ao sair eu pedia que ela tomasse conta daquela minha ética... E assim ela fez durante todo esse tempo. Véspera do meu aniversário de 47 anos e minha mãe me liga dizendo: filha, sabe a sua árvore? está cheia de brotinhos amarelos, prontinhos para desabrocharem... Meu coração chorou... e meus olhos denunciaram a minha emoção! Não poderia ser em outra ocasião... A Natureza sabe dar sinais! Ela esperou por mim! Foram três anos me ensinando sobre paciência, dedicação e humildade. E quando eu estava pronta ela floriu! Foi como me dizer: agora é a nossa vez!

O corpo e suas diferentes formas de reagir

As doenças psicossomáticas nos avisam sobre o que está acontecendo conosco, de forma sutil... Ouvir o corpo e senti-lo em seus sinais pode nos livrar das dores que se camuflam...
Muitas vezes...
"O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando a raiva não consegue sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as dúvidas aumentam.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a “criança interna” tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar".

Portanto...

Chore quando sentir vontade.
Fale de forma que o outro possa ouvi-lo.
Sinta raiva - é legítimo. O que não podemos é engolir aquilo que não nos pertence.
Busque companhia. O ser humano não nasceu para viver sozinho.
Manifeste-se quando não concordar com alguma coisa.
Na dúvida, cheque! Não queime neurônios pensando no que o outro deve estar achando de "tal" situação.
Deseje o melhor que pode fazer, nunca compare-se ao outro.
Consulte-se sempre que se sentir ameaçado. Não se defenda daquilo que não existe.
Olhe para o mundo com generosidade. Lembre-se da bola amarela que jogamos na parede - ela volta amarela!
Medos podem salvar nossa vida ou nos impedir de seguir adiante. Verifique a legitimidade dos seus medos.
Use a razão quando a situação o convidar à arrogância.
Não somos Deus! Apenas parte dele... Desarme-se ou do contrário serás vítima de si mesmo.
E quando não encontrar um caminho, não desista! Existirá sempre alguém, em algum lugar, disposto a percorrer novas estradas ao seu lado - avise isso ao seu coração!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Feliz aniversário...

- Depois de passar algum tempo aqui, você fica sabendo das coisas. Chutei uma pedra.
- Com "algum" tempo você quer dizer" uma quantidade muito grande de tempo"? 
Ela assentiu.
- Quantos anos você tem, de verdade? - perguntei.
- Onze.
Pensei por um instante. Então perguntei:
- Há quanto tempo você tem onze anos?
Ela sorriu para mim.
(Um Oceano no Fim do Caminho)

A amizade é um presente que a vida coloca em nosso caminho e que precisamos saber reconhece-lo para pegá-lo - e nunca mais soltá-lo! Quando a vi pela primeira vez, estávamos num Minotauro (uma atividade de Biodanza que envolve um final de semana inteiro) e era por volta das 5h e 30min. da manhã. Eu fui dar a minha caminhada matinal e ela estava sentada na grama, de costas para mim, em posição de Yoga, saldando o Sol. Aquela imagem me chamou muito a atenção. Ela era especial e eu não sabia explicar porque sentia isso. Pois bem, lá estava ela em meu caminho. Lá estava eu reconhecendo o presente da vida... desde então, nunca mais nos separamos... O aniversário dela se aproxima e com ele a minha vontade de surpreender. Sempre acho que fico devendo em matéria de criatividade - os presentes dela são os mais criativos do planeta (putz, os do Marcelo também! Eles são imbatíveis em matéria de surpreender). Acho que ela está fazendo onze anos há muito tempo... nem sei há quanto, mas a minha sensação é de que ela tem onze anos há pelo menos uns quarenta anos... Hercília, para mim, tem gosto de doce de leite em recheio de bolo de laranja. É inteligente como uma filósofa que debruça o seu olhar especulativo sobre a poesia. É linda como a cor do mar em dia de sol. É profunda como a raiz de um dente que jamais sairá da nossa boca. É eterna e extensa como a linha do horizonte que eu aprecio sempre que olho o mar... É minha amiga e isso é tudo!

- Eu disse que manteria você em segurança, não disse?
- Sim.
- Prometi que não deixaria nada machucar você.
- Prometeu.
Ela completou:
- É só continuar de mãos dadas comigo. Não solte. O que quer que aconteça, não solte a minha mão...

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Fome, medo e sede...


...Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração
e quem irá dizer que não existe razão...
(Renato Russo)

Naquele instante, deixei de lado a minha fome e os meus medos... As fomes eram muitas - tantas quantas os medos!
Respirei fundo e larguei o meu melhor sorriso - não tinha mesmo como detê-los - o meu melhor sorriso e ele!
E no melhor dos jogos de sedução o silêncio ocupou aquele espaço barulhento - o interno e o que estava ao nosso redor!
Tocamos com as pontas dos dedos a nossa pele - a que veste o corpo e a que desnuda a alma!
Invadimos misteriosamente os espaços vazios dos nossos sentidos - todos: os da razão e os dos órgãos!
Lentamente fomos conhecendo geograficamente cada detalhe - do lugar e de nós!
Colocamos um pouco de possibilidade no que parecia impossível, caso contrário sufocaríamos - pela nossa ausência de tanto tempo presente e pelo ar que deixávamos de respirar naquele instante!
Estava quente, fazia calor - dentro de nós e naquele ambiente!
Buscamos água, cerveja... saciamos aquela sede com beijos!
Buscamos comida... saciamos aquela fome com volúpia!
Buscamos proteção... saciamos nossos medos com novos medos!
Encontramos a liberdade no que perdemos de liberdade... Como um mistério: água na água!

sábado, 14 de setembro de 2013

Medo de errar...

Um dia lindo, sol, caminhada na pista Claudio Coutinho, amigas de longa data contando os fatos mais importantes que aconteceram no lapso de 13 anos em que estivemos longe uma da outra... Um verdadeiro exercício da escuta... Estávamos curiosíssimas para sabermos de nós, sem nós, mas devo confessar que a nossa vontade maior era a de contar sobre esse tempo que estivemos ausente de fatos que marcaram nossos destinos. No meio de tantas histórias, lembrei-me da frase inicial que Martha Medeiros usa no seu conto "Medo de errar", de Woody Allen: "Nós somos a soma de nossas decisões". Duas coisas: o título - Medo de errar e a frase! Comecemos pelo título... Que coisa bizarra é essa que nos afasta de viver momentos intensos porque temos medo de errar? Por medo de errar não terminamos a tese, não saímos do casamento falido, não viajamos para aquele lugar que tanto desejamos, não deixamos aquele carinha se aproximar porque tem o outro que pode se afastar, não investimos naquele cara que tanto queremos... O medo de errar, nos impossibilita de viver coisas que poderiam ser incríveis... E no embalo disso, me dei conta que na frase de Woody Allen, tem o complemento de que precisamos para arriscar! Se somos a soma das nossas decisões, e se não decidir é também uma decisão, acho muito mais inteligente sermos a soma de decisões erradas do que a ausência de decisões frustradas... Quando erramos temos a oportunidade de conhecer a melhor maneira de se fazer alguma coisa. Afinal, Thomas Edison errou milhares de vezes até conseguir criar a lâmpada, lembram-se? Minha conclusão: nada de vidinha mais ou menos! E como bem falou Martha Medeiros: "Não somos apenas a soma de nossas escolhas, mas também das nossas renúncias." Vivemos das decisões. E se elas são inevitáveis, que sejam, ao menos, repletas de emoção! Outra coisa: renunciar pode significar abrir caminho para algo novo! Nem sempre a renúncia diz respeito à covardia. Em algumas situações, murro em ponta de faca pode nos fazer perder a mão!
 
Patrícia Loureiro do Carmo e Cláudia Barbeito

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Mergulho e entrega...

Sêneca, no século 4 a.C., nos dizia o seguinte: "Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir". Quando embarcamos de corpo inteiro em um projeto, os objetivos devem estar traçados. A partir daí devemos confiar na nossa capacidade de criação, de organização do pensamento, de elaboração e de ação... Entrou no mar, mergulhe! Retorne à superfície e busque fôlego para o próximo mergulho. O barco está lá, é o teu porto... Cansou? Volte ao barco, relaxe. Recuperou? Pegue os remos, busque novas praias para mergulhar. Encontrou? Mergulhe novamente. Cansou de novo? Volte ao barco... repita isso quantas vezes forem necessárias, mas não desistas. Em cada retorno do mergulho sinta o vento que o tempo preparou para recebe-lo! Ele é teu, só teu, de mais ninguém! E aí, quando estiveres pronto, entregue-se... largue os remos, respire fundo, feche os olhos e se deixe levar... Verás que o teu momento chegou e o próximo mergulho será ainda melhor e em mares nunca antes navegados... Sempre existe uma aventura nova naquilo que, aparentemente, é velho conhecido nosso... A nossa potência em transformar realidades é infinita...

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Felicidade

Feliz: no latim, felix, que significa, também, "fértil". Logo, felicidade é sinônimo de fertilidade. Quando se sentires deliciosamente diferente é sinal de que teu corpo está se preparando para receber novas possibilidades! Abra o coração e pergunte-se quando estiveres diante de uma decisão "o que pretendes com ela"! Atire-se ou recue... Sugiro atirar-se caso não encontres a resposta! Muitas vezes, só entendemos o que desejamos quando estamos no meio do desejo, vivendo o momento... Bem, foi assim comigo...

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Algo diferente

Eu queria algo diferente...
Não bastava sair do banho com o cheiro impregnando o ambiente, cabelos molhados, cara lavada... eu queria que aquele momento ficasse registrado de forma diferente e eu nem sabia que isso já estava sendo providenciado pela própria simplicidade do instante.
Ele ali, deitado naqueles lençóis amassados, contemplando tudo o que estava acontecendo com o seu delicioso sorriso no canto da boca...Sempre me lembro dele com o sorrisão nos lábios e a gargalhada que joga sua cabeça para trás... Mas ali, naquele precioso momento ele só tinha o sorriso no canto da boca, o mesmo que carrega consigo sempre que me vê...
- Como você gostaria que eu fosse vestida?
- Com essa seda que cobre o seu corpo, com seus cabelos molhados e sem maquiagem...
- Vamos, me diga... o que achas deste vestido? E estas sandálias? Apresse-se, vamos nos atrasar...
- Eu só respondi a sua pergunta, não significa que você vai vestir-se do jeito que eu gostaria para irmos ao cocktail... nem seria oportuno... O vestido está ótimo, combina com as sandálias e se você prendesse os cabelos ficaria perfeita, adoro a sua nuca!
Pois é... tudo fica perfeito quando o olhar do outro para nós está repleto de sentimento... são nesses momentos que eu gostaria de poder parar o tempo...
O diferente, para mim, é tudo aquilo que me oportuniza fazer a diferença... uma cena comum entre dois amantes está repleta de diferença nos olhos de quem ama...
O canto da boca é como o canto do dia que canta o barulho da chuva no canto do meu ouvido...
O toque dos lábios contam o amor que por encanto do canto expressa aquele canto...
A nudez no canto da cama salienta o corpo que meus olhos apreendem...
O som do canto que emite a palavra traduz a falta de fôlego proporcionada pelos quatro cantos do quarto
A roupa que veste o corpo despido de toda a moralidade brinca no sorriso do canto da boca...
Ah... o sorriso no canto da boca...
Ah... aquela simplicidade do comum que se faz diferente pela diferença do instante...
Ah... a eternidade que me invade sempre que eu sou acordada com BOM DIA! seja lá como o dia esteja... Nos olhos do amante o dia está sempre lindo, ainda que chova, que o sol esteja brilhando, que as nuvens cubram o céu, que tenha uma tempestade caindo... Os olhos do amante para a amada são sempre de contemplação e a boca de sorriso no canto dos lábios...
Descobri que a maneira mais simples de sabermos sobre o encantamento do outro por nós se expressa pelo sorriso no canto da boca... aquele que não consegue sair dali, mesmo nas situações mais estranhas... o olhar do amante para a amada é estranho... estranhamente querido...
Bom dia, com sorriso no canto da boca...
(RJ, 27 de maio de 2011 - conto premiado)

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Arrumando as casas internas

Então é isso... peguei meus sentimentos da alma e decidi limpar o ambiente... aos poucos fui separando o que não servia mais, o que servia algumas vezes e o que era indispensável. Olhei para os três montinhos e o coração falou: retorna à casa com eles, o destino ao lar é sempre o melhor de todos. Eu pensei e perguntei: mas qual seria o lar deles? E meu coração, sábio como só, retrucou: o que não serve mais deixe ir com quem vai aproveitá-lo - casa nova! O que brilha de vez em quando coloca pertinho da casa da memória - ela saberá a boa hora de colocá-lo reluzente em sua vida. E o indispensável deixa ao alcance - mas bem ao alcance mesmo - da casa dos órgãos dos sentidos! Quando eles se reúnem para apreciar um só sentimento você encontra com Deus. E foi assim que dei rumo aos meus sentimentos... Agora, com as casas internas arrumadas, estou pronta para mais um renascimento...