Qualidade Vivida

domingo, 22 de julho de 2012

Unhas e esmaltes

- Pintei as unhas de vermelho.
- Como assim?! Você sempre detestou unhas com esmaltes fortes... Sempre disse que uma mulher de classe deve usar esmaltes claros, quase transparentes, porque unhas não são acessórios!
- Mudei de ideia. E também pintei as unhas dos pés!
- Isso não está acontecendo. Pés com unhas vermelhas? É o fim.
- Ou o começo.

sábado, 21 de julho de 2012

A primeira vez

... a última vez que dancei, a última vez que peguei estrada no volante, a última vez que senti a chuva cobrindo meu corpo... Até que conheci você. Depois disso, parei de pensar na última vez... Não sei porque eu só consigo viver como se tudo fosse a primeira vez! A primeira vez que fizemos amor, a primeira vez que rimos juntos, a primeira vez que nos beijamos... Depois de você eu comecei a viver a primeira vez de cada mesma experiência...  


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Arrependimento

"Não importa o que aconteça guarde sempre sua inocência"
(Sob o Sol da Toscana)

No meu sonho, a minha cama era lilás com lençóis verdes... Mas estava vazia! Havia um aroma delicioso no ar... Uma luz laranja invadia o quarto e refletia outras tantas cores quando batia no vidro da pentiadeira... Eu estava sentada no chão apreciando o cenário...
Algumas vezes eu me vejo em situações em que eu, definitivamente, se pudesse fazer diferente, faria! Qual o nome que damos para esse sentimento? Arrependimento? Acho que sim... E daí, o que fazer com isso, se não podemos voltar no tempo e consertar as bobagens que fizemos? Bem, não podemos mudar o que foi feito, mas podemos fazer diferente o que está por vir.
Sim! Já me arrependi de algumas coisas que fiz em minha vida e de tantas outras que deixei de fazer. Mas e daí?

Sempre que assisto o filme "Sob o Sol da Toscana" me sinto invadida por diferentes emoções. Talvez pelo fato de encontrar eco da minha vida ao longo da película; talvez pelo fato de fazer transferência com a figura da personagem principal; talvez pelo fato de que eu viva esperando que o trem passe em trilhos que eu cuidadosamente coloquei, antes mesmo de saber se haveria um trem para passar...
Estranhamente a minha torneira também está seca...
Estranhamente eu fui invadida por uma fé que eu nunca tive...
Estranhamente eu comecei a enxergar a vida através uma lente de aumento, que me fez olhar lugares que eu jamais imaginei que pudessem existir - e eles sempre estiveram ali, bem embaixo dos meus olhos...
Acho que arrependimento é dar-se conta de que existem possibilidades para eu viver, que, por alguma razão, deixei de lado. Isso não me dá o poder de fazer o tempo voltar, mas me faz encontrar caminhos que me foram impossíveis de percorrer, até aquele momento.
Acho que é isso... quando me arrependo tenho a possibilidade de pedir desculpas; ao pedir desculpas assumo as culpas pelo fracasso de tal situação. E, eu penso que se algo fracassou, vale deixá-lo pelo caminho, mas não totalmente. Primeiro preciso me perdoar pela falta de êxito e me acolher com tudo o que estou sentindo. Vale pegar a experiência que fez com que aquilo não desse certo e transformar a linha do horizonte em meta de chegada - assim não tenho possibilidade de parar de investir, o percurso será infinito. Assim estou pronta para um novo momento, sempre... Ao infinito e além...

"No que está pensando?
No que estou pensando? Que realizou o seu desejo. No dia em que procurávamos a cobra, você disse que queria um casamento aqui.
É.
E que queria que uma família morasse aqui.
É, tem razão, se realizou, eu consegui tudo o que eu queria..."



domingo, 15 de julho de 2012

Nós e eles

Quem são eles? Os filhos. Como eles bagunçam a vida da gente!!! A começar por essa única estranha forma de amar incondicionalmente. E por ser incondicional eles podem tudo, sem poder. Podem nos fazer sonhar que tudo o que não alcançamos para nossas vidas até agora será possível através deles, mas, em algum momento, a ficha cai e nos damos conta que não somos eles. Daí precisamos retornar os nossos próprios sonhos e deixá-los em paz para construírem os deles. E é ótimo quando confiamos neles e os deixamos caminhar sozinhos, podem apostar - eles são capazes!
É tão gostoso quando aprendemos a ler o termo "segurança" como sinônimo de "confiança"! Se minhas filhas decidem ir a algum lugar, eu preciso confiar na capacidade de proteção de vida que elas têm (escolhas). Ainda que elas arrisquem as suas proteções em algum lugar ou momento inoportuno ou inóspito e isso custe as suas vidas, preciso ainda confiar que elas fizeram o melhor que elas puderam, naquele momento. Quando estimulamos nossos filhos a correrem riscos calculados, eles se transformam em verdadeiros aventureiros de suas vidas. Ô coisa boa lançar-se ao mundo, por inteiro. Fácil? De jeito nenhum. Mas necessário. Confiança é sempre palavra chave na relação com eles. Mas não é essa coisa de confiar desconfiando! É confiar e p(r)onto. Só tem um problema... Só podemos dar o que temos. Quando não confiamos em nós, na educação que damos a eles, fica difícil confiar nos passos que eles estão dando... Puxa... Nesse caso, temos em nossas mãos o poder de transformar a vida deles num inferno! E a nossa também (lógico). Todo ser humano nasce com o instinto de proteção. Quando o cerceamos em função de acreditarmos (equivocadamente) que os filhos são nossa propriedade privada, estamos vulnerabilizando a construção ética deles. Nossos filhos estão, realmente, em nossas mãos quando nascem. Precisamos ter cuidado com a nossa capacidade de cuidar. Cuidar não é o mesmo que domesticar. Seres humanos não devem ser domesticados, mas educados para fazerem SUAS escolhas (não as nossas).
É bem difícil não desejar sofrer a dor dos filhos, eu admito. Mas, também, é impossível sofrer por eles (não somos onipotentes). Quando o sofrimento chega para elas (e chegará, sempre) eu sinto que o melhor que posso fazer é dar-lhes colo e proteção. Proteger não é o mesmo que privar. Uma das melhores sensações que um ser humano pode ter é a de saber que não está sozinho. Se roubamos do nossos filhos a condição humana do sofrimento, por exemplo, passamos para eles, veladamente, que não acreditamos na sua capacidade de superação. "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é" e mesmo quando eles não têm condições de saber, é nosso dever orientar... Apenas orientar! E isso já é coisa pra caramba, podem apostar! Quando eu oriento eu digo por trás das palavras: eu confio em você, você é capaz! Quando eu imponho ou ajo por ele, eu digo por trás das palavras ou da ação: você não é capaz de agir sozinho; por isso estou aqui fazendo o que você deveria fazer, por você. Lógico que a incapacidade de ação consciente existe, em incontáveis momentos. Mas é aí que entra essa tarefa deliciosa, mas nada fácil da maternidade/paternidade. Educar dá trabalho! Exige tempo e paciência. E quando os filhos são bebês? Bebês não tomam decisões, agem! A diferença entre tomar decisão e agir está no tipo de elaboração do pensamento. O cérebro do bebê está apto para agir dentro daquela faixa etária, mas não está apto a tomar decisão! A tomada de decisão (escolher entre uma ou outra coisa) é quando elaboramos o pensamento e construímos argumentos capazes de nortear a nossa ação. Ela vem acompanhada de objetivos, mesmo que estes não sejam ditos. Tomar decisão se aprende. Não nascemos com essa habilidade. Portanto, aqui, eu estou dizendo que os bebês precisam que os adultos decidam por eles. Crianças, não. Crianças devem ser orientadas a agir usando a sua capacidade de criação - liberdade! E quando fazemos isso com competência estamos contribuindo para que nossos filhos sejam transgressores! ADORO saber que eu oriento minhas filhas a agirem como transgressoras, em outras palavras: como duas lindas mulheres capazes de irem além de um limite imposto, construindo uma nova possibilidade de ação, pautada na ética. 
Algumas vezes me vi atropelada pela minha ansiedade, eu confesso! O tempo... Ah, o tempo! Esperar e respeitar o tempo de cada um é um ato de sabedoria. Para mim, por exemplo, o tempo mais longo no processo de desenvolvimento das minhas filhas foi a fase em que elas eram bebês. E em termos de tempo cronológico, foi o mais curto. Isso se dá em função da minha dificuldade de ter ao meu lado seres que dependam totalmente de mim, para sobreviver. Bebês não se alimentam sozinhos, não andam sozinhos, não falam... Eles precisam muito da nossa disponibilidade de tempo para eles. E é da qualidade, bem como da quantidade dessa disponibilidade de tempo que norteará a criança que está por vir. 
A maternidade/paternidade deve acontecer até o nosso último suspiro. Essa tarefa é uma das poucas que não acabam com o tempo. Não é porque as minhas filhas cresceram, se tornaram independentes que eu deixei de ser mãe delas. E na condição de mãe, espero que eu tenha o que ensiná-las e o que aprender com elas enquanto eu estiver viva! 
Um dos momentos mais preciosos dos filhos é quando eles rumam em direção ao voo solo! E isso acontecerá diversas vezes, em diferentes situações. E é aí que eu enxergo o tamanho da minha competência, enquanto mãe e educadora. Não me furto demonstrar o orgulho que sinto delas por terem condições de caminharem sozinhas... Eu dou graças ao reconhecer um momento como esses e poder presenciar dessa etapa tão importante que é ver as minhas meninas trilhando seus percursos. E sabem do quê mais? Elas se sentem seguras quando percebem que estou segura diante das suas escolhas. Verbalizam isso, sempre! E a recompensa é a permissão que elas me dão para que eu, em alguns momentos, corra ao lado delas! Uma coisa eu garanto: quando criamos os filhos devemos criá-los para superarem a si próprios, nunca ao outro. Sendo assim, se eles, em dado momento, correm mais rápido do que a gente é sinal que estão em outro ritmo e isso também precisa ser respeitado. Não entenda esse momento como que ele tenha deixado você para trás - eles deixam mesmo! Devemos apenas respeitar o momento deles em "ir adiante". O que eu faço? Sorrio, sempre!
E não foco nos "tropeços", mas: "assisto às glórias". Assim, eu posso vivenciar os incontáveis momentos de vitória que elas têm, e ainda colaborar para que superem os "equívocos" do percurso.



quarta-feira, 11 de julho de 2012

Presença ausente do amor

O amor... Ah, o amor! Tente personificar o termo. Que rosto ele tem? Qual o cheiro dele? O que acontece com você, ao vê-lo? Imagine-se de costas para ele e, sem sabê-lo por perto, você o escuta pronunciando o seu nome. Parece música nos seus ouvidos, não é?! Uau... É assim para mim!
O meu amor dorme comigo todas as noites e acorda comigo todas as manhãs - nem sempre ele está ao meu lado. O carrego comigo para todos os lugares e quando ele não pode me acompanhar em uma atividade ele fica esperando por mim até que essa atividade termine - mesmo que ele não esteja presente. Quando almoço é ele que geralmente divide a mesa comigo e quando não é ele, ele espera que eu termine de almoçar - ainda que ele não esteja ali. Quando termino de ler um livro é com ele que discuto primeiro sobre o que acabei de viver - até quando ele não está fisicamente ao meu lado! E quando planejo o reveillon é com ele que eu me imagino ouvindo os fogos. Os meus livros são escritos com ele, as minhas músicas preferidas são cantadas por nós dois, as nossas febres são cuidadas um pelo outro, apenas. E ele nem sempre está ali, ao meu lado! Estando.
Estranho isso, não?! Quando eu amo, meu amor se muda para dentro de mim e vem inteiro! Por isso o carrego para todos os cantos - cantos de flores, de aromas, de paladares, de afetos incomensuráveis e indizíveis... Não existe espaço para nenhum outro amor se aproximar... O meu desejo sempre foi o de ser amante do amado e pelo amado amar, me perder e me encontrar. Rio e Mar! Água na água...

Retorno ao lar... Para os meus pais!

É sempre adorável receber meus pais em minha casa, principalmente porque sei que é apenas uma visita!
Lei da natureza... Meus pais receberam os filhos, deram-nos seus valores, disponibilizaram suas crenças, nos amaram incondicionalmente (e continuam amando) e, a melhor parte: prepararam-nos para sair de "casa" em busca da construção de nossas próprias éticas...
Eu e meus irmãos fomos em direção ao caminho que desejamos percorrer - quando a educação é bem construída, geralmente o solo que sustenta esse percurso é fértil! Nós construímos nossas éticas e demos início ao roteiro que nossos pais começaram para nós. Bom mesmo é quando conseguimos identificar quais valores são bacanas para comporem a nossa morada. Ao identificá-los, podemos jogar fora os que não nos pertencem mais, adaptar aqueles que podem ser aproveitados dentro do contexto atual e incorporar os que fazem parte da nossa identidade, traduzindo o nosso comportamento de maneira agradável. Os pais erram, mas também acertam  bastante e o saldo, quando a educação está construída nas bases do amor, do carinho e do respeito, é sempre positivo.  
Hoje, cada um visita o outro e depois retornamos para nossas casas, com os nossos hábitos e com os valores que desejamos e acreditamos. Voltar ao lar é sempre revigorante para qualquer pessoa! 
Observo meus pais olhando com olhos de admiração profunda quando minhas filhas estão conversando sobre um tema qualquer e riem uma com a outra. Observo o olhar de ternura quando elas lhes aplicam a famosa massagem nos pés que eles tanto amam. Observo o olhar de amor deles quando elas estão sentadas à mesa, cobrindo-os de atenção e carinho. Mas, observo o olhar de reprovação quando elas chegam na madrugada, quando elas não dormem em casa ou mesmo quando elas não fazem algo que eles esperavam que elas fizessem. Nessa hora, sinto neles, em mim e nelas o quanto é importante que cada um retorne a sua morada. E sempre após uma estada de meus pais em minha casa eu repito a mesma passagem de Shakespeare, onde diz que depois de um tempo a gente aprende muitas coisas... e entre essas tantas coisas, a gente "aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás". E, assim, cada ida e vinda dos meus pais é sempre motivo para curti-los do jeitinho que eles são, respeitando-os em suas diferenças e sugando dos seus afetos.