Qualidade Vivida

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Planejei, transformei e realizei!

Até que chegou o dia em que eu realizei um dos meus sonhos... Um planejamento que estava previsto apenas para 2016 e eu consegui antecipá-lo e transformá-lo em realidade: mudei-me para Saquarema! Morar na capital do Rio de Janeiro, hoje, deixou de ser, para mim, um privilégio. A cidade é quente demais, está violenta demais, perdia muito tempo dentro de transporte para chegar ao bairro vizinho, por exemplo, e praia passou a ser sinônimo de sofrimento e violência. Evidente que esta fala é de uma pessoa que não curte mais viver no Rio! Eu sou do tipo que quando não há beleza eu invento. E se não consigo mais inventar, é porque meu tempo com tal realidade chegou ao fim.
E foi assim que decidi deixar o apartamento para as minhas filhas e seguir estrada com os meus cães...
Cá estou... encantada com o fato de poder caminhar na praia no fim da tarde, acordar com os cães latindo porque o sol nasceu e eles podem correr com liberdade, comprar pão quentinho na padaria com apenas 1 real, comer verduras frescas do quintal da casa de um senhor que passa na minha porta vendendo, preparar molhos com tomates vendidos a R$0,80 (isso mesmo, oitenta centavos) o quilo... e por aí vai... O meu lado provinciano está totalmente aflorado!
E tem mais... em breve nasce um novo filho, e desta vez não será um livro, mas algo que me trará ainda mais vida produtiva! E eu chegarei em 5 minutos neste novo empreendimento, sem usar carro ou ônibus, mas o meio de transporte que eu mais amo: a bicicleta!
A EM? Está amando viver em mim de forma tão saudável! Tanto assim que aqui eu dei até nome para ela: Olinda! Por quê? Porque desde que eu descobri que ela habita em mim, quando não se sente bem, ela detona comigo! E aqui, ela está se sentindo linda de viver, cheia de disposição e não me deixa esquecer da importância de eu ter uma vida diária saudável!
Não foi nada fácil tomar essa decisão! As mudanças costumam vir acompanhadas do medo de sair da zona de conforto. O novo assusta porque não temos como controlá-lo. Mas quem disse que ele me paralisa? Vamos às pontes porque elas ligam dois pontos que jamais se encontrariam não fosse por elas...

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Sobre a Audiência Pública na Câmara dos Deputados

Hoje foi um desses dias em que eu me orgulhei daquele que me representa!
Tivemos, às 14:30 (horário de Brasília) a Audiência Pública na Câmara dos Deputados, para tratarmos da exclusão de uma medicação muito importante para quem tem Esclerose Múltipla, do PCDT. Todos que falaram foram bem objetivos e com dados para fundamentar as suas defesas; porém, o Dr. Marco Aurélio Torronteguy categorizou a inconstitucionalidade da exclusão, ancorando-se no artigo 3 da lei.
"Excluir uma droga eficaz e segura significa dar um passo para trás", disse ele. A lei proíbe o retrocesso e a retirada de uma droga comprovadamente eficaz dos protocolos do SUS é inconstitucional!
Ele continua... "Manter essa medicação é dar ao paciente uma oportunidade de ter uma opção maior em sua qualidade de vida".
O que temos que fazer é incorporar novas drogas e em absoluto retirar o AVONEX - beta interferindo do grupo 1 A, dos pacientes que estão adaptados. Só quem faz ou fez uso de medicação para EM sabe como é difícil a adaptação à medicação. As reações adversas são muitas e fortes.
Estou envaidecida e me sentido muito mais forte com a presença do Dr. Março Aurélio Torronteguy, na mesa, defendendo os interesses de todos nós, portadores de EM, com dados concretos, ancorado na lei e dono absoluto de uma fala suave, sem deixar de ser firme!
Parabéns AME! Acertei em cheio de ter escolhido essa associação para me representar!
#juntossomosmaisfortes


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Exames, cansaços, dores nos olhos, Amor e medo

Depois de uma madrugada com tempestade de vento, ocasionando pavor no Amor é consequentemente noite mal dormida - é muito ruim presenciamos impotentemente o medo de um animalzinho, do forte barulho do vento - a consequência é certa: dor de cabeça, corpo moído, forte dor nos olhos e formigamento na mão esquerda. O lado bom de reconhecer os sintomas da EM é saber que não se trata de novo surto, mas das consequências inevitáveis de uma noite mal dormida, repleta de emoção por ver meu cãozinho apavorado com medo da tempestade. Por outro lado, preciso ganhar fôlego porque a rotina hoje conta com exames: ressonância e raio "x"!
Sabe, passei boa parte da minha infância com medo de ter medo, não podia imaginar o que estava por vir... sinto-me fortalecida para encarar o que for preciso comigo, mas quando o assunto é dar proteção ao outro cujos sintomas do medo eu só consigo perceber, me dou conta da minha fragilidade e inexperiência... tenho sede de aprender a lidar com o medo do meu cachorro e ajudá-lo a superar isso, da mesma forma que eu superei...
O amor é assim: invade a nossa vida e transforma nossas expectativas avassaladoramente!

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Diário da Esclerosada: Tag: AcOmPaNhAnTe - com Zé

Depois de me emocionar muito, decidi emocionar vocês!

Diário da Esclerosada: Tag: AcOmPaNhAnTe - com Zé: Bom dia pessoas! No encontro conversando com mais familiares senti a necessidade de parar e ouvir algumas pessoas que estão comigo. Abri e...

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Oração da Esclerose Múltipla


Oração da Esclerose Múltipla

Você existe porque Eu existo
Nos construímos no meio do caminho e em relação
O afeto nos aproxima e nos afasta
Nos fortalece e nos enfraquece
O seu percurso me pertence
Caso contrário você não existiria em mim
Portanto trate-me com carinho e respeito
para que a nossa convivência seja, no mínimo, harmoniosa

#juntosomosmaisfortes
(Cláudia Barbeito)

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Eu, os cães e a Esclerose Múltipla

Sexta-feira estarei em São Paulo, para discutir no sábado e domingo, sobre o cenário da Esclerose Múltipla no Brasil - projeto de lei, acesso ao tratamento, avanço da medicina, importância do apoio psicológico, acessibilidade, empregabilidade, informações sobre a doença, entre tantos outos assuntos importantes sobre a EM - e preciso encontrar um lar para o Amor, até quinta!
Cá estou, dividida entre a busca de um lar para um adorável cãozinho abandonado e o encontro de Blogueiros portadores de EM... Duas causas nobres e muito relevantes...
Eu "ainda" fico abalada com a banalização que alguns humanos dão à vida, seja ela qual for...
Ontem, como de costume, fui dar a minha caminhada com a Amora - minha cadelinha. Amora é mais conhecida do que eu no percurso... Na calçada do clube "ASBAC", uma senhora nos parou e disse:
"- Achei que fosse ela. Até parei par me certificar. Acabaram de abandonar um cachorro ali no ponto de ônibus. "
Dei um sorriso, bom dia e segui minha caminhada, que passa, inclusive, pelo ponto de ônibus referido pela senhora.
Um tumulto em torno de algo e quando me aproximei vi o cãozinho assustado, encostado na parede. Cada um que tentava se aproximar ele tentava escapar, rosnando (os cães não atacam sem antes rosnar, alguns humanos deveriam ter isso como lição). Evidente que fui me aproximando dele devagar... Até para acalmá-lo. Pois é... foi comigo que ele permitiu o primeiro toque! Um senhor sugeriu que eu tentasse levá-lo até um Pet Shop próximo, que doava cães abandonados... Sr. Emanuel... Uma criatura muito especial... Ficamos amigos!
Conforme eu saia de perto, ele me seguia... Como virar as costas para um ser, que acabara (supostamente) de ser abandonado, se eu fui a única no meio da multidão a quem ele confiou?
Bem, this is impossible for me! Sr. Emanuel se prontificou a levar a Amora, enquanto eu o carreguei no colo e fomos em vários Pets pedindo ajuda e perguntando se alguém se interessava por ele... Ninguém... Foi quando decidi trazê-lo para minha casa, mesmo com a minha cadelinha no cio...
Passei no veterinário, pedi para dar um banho, vermifugar e dar remédio para pulga e carrapato. Amora o recebeu como uma perfeita anfitriã!
Dormi com o "Amor" (eu sei que não devemos dar nome ao animal que não ficará conosco) e minha filha com a Amora. Ele dormiu abraçadinho comigo e a cada movimento meu ele me agarrava com as patinhas... Chorei a noite toda...
No auge da minha insônia, me dei conta de que quando convido um morador de rua para tomar banho em minha casa e ofereço-lhe comida e água, em seguida ele retorna à rua. Mas um animal eu não consigo devolver à rua. Estou valorizando mais a vida canina do que a humana?
Ok... eu sei que minha casa não é abrigo! Aliás... é a minha ética e nela só entra quem for convidado. Pois é... perdi o sono de tanto chorar, de tanto pensar nessa banalidade em que a vida se tornou... Não quero me acostumar ao olhar indiferente para as diferentes situações de vida, tampouco tenho a pretensão de salvar a humanidade da sua sordidez, porém,  cabe um olhar carinhoso para cada situação. Essa sou sou eu! Caminho com o coração... Essa foi a lição que a Esclerose Múltipla me deixou... Ter sido abraçada no pior momento da minha vida, por um sem número de pessoas me transformou em um ser humano capaz de olhar o outro e vir através dele as suas possibilidades de uma vida melhor... Ainda que seja só um banho, um prato de comida, um copo de água e uma boa conversa na cozinha...




sábado, 8 de agosto de 2015

2º Encontro Blogueiros e Pacientes de Esclerose Múltipla, um novo olhar

"Evento alusivo ao Dia Nacional de Conscientização sobre a E.M, reunirá, 21 blogueiros, 8 palestrantes e pacientes convivendo com esclerose múltipla de todo o Brasil"

Eis que recebo o e-mail dizendo que meu blog estava convidado a participar de um dos eventos nacionais mais importantes para o "esclerosado" - é assim que me refiro carinhosamente a nós - portadores de Esclerose Múltipla. Uma honra e um grande privilégio! 
Junto com o convite uma espécie de roteiro norteando e convidando os blogueiros convidados à participarem com ideias de pautas. Genial!
E assim ficou:
"Para discutir o cenário atual da doença, blogueiros de cinco estados brasileiros, médicos e pessoas que convivem com a doença estarão presentes neste segundo encontro que acontecerá na Câmara de Vereadores de São Paulo no dia 22 de agosto, com entrada gratuita. As inscrições deverão ser realizadas no www.blogueirosdasaude.org.br até dia 21/8."

Programação:
  • Projeto de Atenção Municipal ao Portador de Esclerose Múltipla, por Vereador Gilberto Natalini
  • Um Olhar sobre a Esclerose Múltipla, por Gustavo San Martin (AME)
  • Cenário da Esclerose Múltipla no Brasil por Dr. Denis Bernardi Buchuetti
  • Acesso ao tratamento da Esclerose Múltipla no SUS, por Dr. Marcos A. Torronteguy
  • Cuidando da Esclerose Múltipla, o avanço da medicina para a qualidade de vida, por Dra. Ana Maria Piccolo
  • Apoio psicológico para a pessoa com E.M e seu cuidador
  • Revolução na relação médico paciente "Decisão Compartilhada”, por Dr. Guilherme Olival
  • Empregabilidade da pessoa com E.M - uso da lei de cotas – participação especial do Movimento Fit For Work Brasil  - acesso ao mercado de trabalho para as pessoas com doenças musculoesqueléticas
  • Direitos da Pessoa com Esclerose Múltipla, por Dr. Marcos A. Torronteguy


Data: 22 de agosto de 2015
Horário: 9h30 às 17h
Local: Câmara de Vereadores de São Paulo
Endereço: Viaduto Jacareí, 100, Bela Vista, São Paulo 



quinta-feira, 18 de junho de 2015

Meu processo de aposentadoria

Como prometido, vou explicar como foi o meu processo de aposentadoria, depois do diagnóstico da Esclerose Múltipla.
Eu abria vários surtos, durante o ano. Em cada um deles, uma internação e um afastamento do trabalho. Decidi, junto com o meu médico usar o Inteferon - AVONEX. Eu tomava a injeção na sexta-feira à noite e ficava LITERALMENTE de cama, com febre e uma dor insuportável no corpo durante todo o sábado e parte do domingo. Segunda saía para trabalhar às 6h da manhã e só retornava às 22h. Lecionava em duas universidades e fazia doutorado em Filosofia. Minha vida era uma correria só... No meu último surto antes de aposentar, perdi 90% da visão das duas vistas. Como faria para trabalhar sem carro, tendo que me deslocar de campus universitário para outro? Óbvio que entrei em depressão e tive medo de perder os meus empregos! A última perita que me atendeu (passar por perícia virou rotina na minha vida) perguntou como seria se eu fosse aposentada e eu disse, que tinha muito medo pela perda financeira. Ela pouco falou. Me examinou dos pés à cabeça, fez vários testes e analisou todos os exames de ressonância, acuidade visual, campo visual e líquor. Quando eu tentava falar ela dizia: "um minutinho, por favor, já vou falar com você". Eu tinha nas mãos um livro do Nietzsche que eu estava lendo e ela perguntou como eu conseguia ler. E eu li para ela. Ela perguntou por quanto tempo eu conseguia ler daquela maneira (com o livro grudado no nariz) e eu disse "no máximo 10 minutos", depois disso eu enjoo e sinto muita dor de cabeça e nos olhos. Espero passar e retomo. Ela voltou-se para o computador - eu não tenho ideia do que ela anotou - e disse que estava encaminhando o pedido de aposentadoria, que eu aguardasse um contato. Assim foi! Em menos de 15 dias eu recebi uma carta do INSS dizendo que eu estava aposentada por invalidez. Esse título pesou! Inválida, eu? Nunca fui! Mas para falar a verdade, acho que eles podiam apenas mudar o título! A aposentadoria salvou a minha vida!
Evidente que precisei me adaptar à minha nova realidade financeira - estupidamente desleal! Entretanto, ganhei em qualidade de vida!
Fui orientada pelo meu médico e pela minha terepêuta a constituir uma rotina! Essa rotina é FUNDAMENTAL! Hoje, cuido de mim, recuperei parte da visão, tenho uma alimentação equilibrada e mesmo com os episódios de cansaço absurdos - alguns dias é humanamente impossível levantar da cama - eu sei que vai passar, afinal, eu posso ficar na cama quando o meu corpo não consegue levantar!
Sou muito a favor da aposentadoria para os portadores de EM! Lógico, que quando eles não fazem da doença um drama grego para se vitimizarem diante da sociedade!

sábado, 9 de maio de 2015

MÃE!

"Ela não está.
Há muito tempo que ela não está .
No entanto, é uma ausência de porta aberta,
por onde passam saudades sem medo"
(Flora Figueiredo, poema sobre o dia das mães, 2015)


Dia das mães é chamado pelo comércio como o segundo Natal para os comerciantes. É dia das contas, compras, coisas... Alguns de nós insistem em apresentar o afeto pelo poder do presente que compramos, confeccionamos, criamos, coisificando-o. Bom mesmo é quando deixamos esse controle comercial de lado e aprendemos a desfrutar da presença. Ah, doce presença... Delícia é podermos senti-la enquanto ela está ao nosso lado. 
Dia das mães, na minha casa, não é dia de almoçar fora... É dia de gostosuras... família reunida, casa perfumada, riso solto e tudo sempre em volta da mesa. O meu dia das mães começa na véspera, quando junto com a minha mãe elaboramos o cardápio e começamos os preparativos - ainda que seja churrasco! É, eu aproveito a minha mãe em cada momento... 
E a maternidade para mim é isso: PRESENÇA! Marcada, marcante e instaurada! 
Minha mãe será presença para sempre, mesmo quando não estiver mais... será a minha "ausência de porta aberta"...
Feliz dia das mães para todos! Com ou sem mãe, estamos aqui por ela...
Obrigada mãe Iris, por estar me ajudando a construir a Cláudia que me torno a cada instante... 

                                           Minha família linda, que está sempre junta... 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Sobre novelas, BBB e os intelectuais de plantão

Uma história deixa de ser "uma" quando ela cai em domínio público. Alguns amigos insistem em me julgar por eu assumir publicamente que assisto, hoje, novelas e alguns programas odiados pelos "intelectuais de plantão". Digo hoje porque sempre trabalhei o dia inteiro, de forma que a televisão na minha casa era mero objeto de decoração. Evidente que ligo pouquíssimo a dita cuja posto que só me deixo invadir pela telinha quando quero e com o que quero.
Televisão é entretenimento! E foi assim que assumi a entrada dela na minha vida.
Quando assisto a um programa qualquer de televisão eu olho aquela história através da minha história e não com a história do seu criador. Lembro-me de uma conversa que tive com o roteirista de um filme ganhador de vários prêmios - Marcello Quintela -, que me surpreendeu ao dizer que achava curioso as diferentes análises que estavam fazendo do seu curta, uma vez que a maioria delas nem passaram pela sua cabeça. Fiquei com aquilo e evidentemente compreendi que nem poderiam... cada um de nós, ao assistir um filme, um documentário, um seriado, uma novela..., o fazemos com as nossas questões e valores. Cada um tem o seu olhar múltiplo e simultâneo acerca de uma mesma imagem. É essa pluralidade que enriquece as nossas vidas. É fundamental que estejamos abertos para diferentes olhares, leituras, sentimentos, emoções que a história do outro impacta em nós. Nos reconhecemos no outro, em outras palavras: eu existo porque você existe! Portanto, sempre que algo o incomodar profundamente, a ponto de você atacá-lo veementemente e publicamente, vale um olhar mais generoso do quê do outro existe naquela situação que o tira do sério. Outro convite potente que ouso fazer é o de que você seja capaz de assistir qualquer coisa, com o olhar crítico positivo, quando se tratar de entretenimento. Deixe as questões negativas para a vida violenta, da qual fazemos parte e não podemos nos ausentar. Nada tem o poder de nos alienar quando somos críticos construtores de nossas vidas. E, caso algum programa cause tamanho estrago na sua vida, o problema é seu que permitiu que a sua vida fosse invadida. Nossos valores só serão ameaçados quando eles não forem significativos o suficiente para nós. Aí sim vale uma profunda reflexão sobre o que está acontecendo...
A arrogância intelectual nos deixa de fora de situações divertidas, curiosas e de aprendizagem.
Assisto novela, BBB, desenho animado, comédia romântica, atualmente leio Paulo Coelho e muitos outros livros de autoajuda, sabe por quê? A leitura é minha e eu não sou melhor ou pior intelectual por isso e nem deixo de ler ou assistir aos meus programas cult. Na minha vida tem espaço para diferentes perspectivas, principalmente se forem divertidas e transformadoras. Lembrando que o poder de transformar está em mim e não no outro. Ao outro cabe apenas o convite...

terça-feira, 31 de março de 2015

O último abraço de muitos

Chuva que lava o meu momento
Vento que leva o instante
Já foi... e a saudade chegou...
No intervalo vivo sonhando
Foi apenas o último abraço de muitos que acolherão meu corpo

quarta-feira, 25 de março de 2015

A escolha da escola

"Será que é possível criar essa escola, uma escola que seja alegre, prazerosa? Ou a escola tem que ser o serviço militar obrigatório aos sete anos?" ROCHA, Tião

Li hoje essa epígrafe na rede social de um amigo. Fiquei com ela... Ela foi comigo para todos os lugares que eu estive, quando ela não podia entrar comigo, a deixava esperando e depois saíamos juntas novamente.
Lembrei da escolha das escolas em que minhas filhas frequentaram e mesmo não tendo sido muitas, nós (eu e o pai delas) escolhemos as escolas que mais se aproximavam dos nossos discursos com elas...
Uma das orientações que costumo dar aos clientes que estão em busca de colégio para seus filhos é de que busquem o colégio que tenha uma ação pedagógica próxima do seu discurso em casa. E lembre-se de que é comum acharmos que não existe a escola perfeita para nossos filhos. Incorporado isso, meio caminho andado.
Um erro muito comum entre os pais é a afirmação deles para seus filhos de que "a escola é chata, mas é necessária". É absolutamente importante que a criança sinta alegria em ir para a escola, desde o primeiro dia. O incentivo dos pais é fundamental para que a criança se sinta segura e feliz com aquela nova experiência, desde o primeiro dia. Ao escolher a escola do filho, leve-o junto. Deixe-o visitar o ambiente que ele irá frequentar, mas a escolha deve ser do adulto, que é capaz de discernir o que é melhor para o seu filho, naquele momento. Obviamente, a aquiescência dos pequenos é muito importante, até porque são eles que viverão naquele ambiente. Crianças precisam sentir a segurança dos pais nos lugares que frequentarão sem a presença deles. Se não se sentir seguro para deixar seu filho, não deixe. Aprenda a ouvir o que o seu coração está dizendo e atenda-o.
Outra questão bacana para ser avaliada é de que à escola cabe ensinar a ler, escrever e contar, mas em minha opinião, mais valioso que isso é o fato de que ela socializa! Qualquer criança está pronta para aprender, quando está livre de patologias impeditivas, evidente. O papel da escola transcende o da aprendizagem. Quanto mais tempo a criança puder passar na mesma instituição melhor, desde que esta esteja contemplando o que a família espera dela. Completar ciclos numa mesma instituição auxilia o fortalecimento dos vínculos afetivos com os amigos. É na escola que passamos a maior parte do nosso tempo útil, brincando, recebendo valores novos, convivendo... É na escola que nos misturamos com as diferenças e aprendemos, além de ler, escrever e contar, a interpretar, analisar, pontuar, realizar e transcender os nossos objetivos. É lá, inclusive, que aprendemos a ser "gente grande" e construimos muitos dos nossos sonhos de futuro.
A escola foi uma das maiores invenções do ser humano para nos ajudar a viver em sociedade.
Eu apresentei às minhas filhas o meu amor à escola e elas iniciaram esse amor em escola pública! Valeu cada segundo da confiança que depositei inicialmente na creche do Instituto de Educação do Rio de Janeiro. Problemas? Muitos, mas nada substituiu a oportunidade que elas tiveram em lidar com as diferenças... Sou árdua defensora da escola pública. Mas se você não tem a oportunidade de proporcionar ao seu filho a experiência de vivenciar a educação em uma escola pública, que a particular seja a sua escolha e não a do seu vizinho, a da sua família ou a do seu melhor amigo...
Vamos lá... confie... você consegue...

sexta-feira, 20 de março de 2015

Sobre o projeto terapêutico "Educação Construída"

"Sou uma jardineira! Gosto de cuidar de gente desde o processo de plantio..."
(CB)

O que é?

Exatamente aquilo que o nome sugere: a construção da educação, porém, da nossa própria educação, assistida e facilitada por um interlocutor devidamente capacitado em termos de formação acadêmica e de vida.
Ao nascermos, recebemos dos nossos "pais"* os valores que eles acreditam que são os melhores para nós. Aprendemos a ler o mundo com o olhar deles, e aos poucos vamos construindo nosso próprio código de valores. Quando a base é forte, ela fica entranhada em nós e nem sempre nos damos conta disso. O que acontece? Repassamos ao mundo, muitas vezes, aquilo que não nos pertence e que supostamente defendemos como "verdade".
A Educação Construída nos ajuda a olhar estes valores e pensarmos sobre eles nas nossas ações cotidianas, tornando-nos capazes de transformarmos a nossa realidade.


Como?
Através de encontros semanais, de 60 minutos, onde a fala é o instrumento principal do cliente, mas apenas uma ferramenta para o seu interlocutor, que observa todo o processo, e ocupa o lugar da fala com propostas de vivências de diversas naturezas, inclusive a da fala. A leitura do facilitador acontece desde o momento em que o cliente chega a ele para o encontro. Os movimentos corporais, o discurso oral e escrito, tudo é avaliado e compartilhado com o cliente nos dez minutos finais da sessão.
Escolhi como approach um dos métodos usado pela minha terapêuta Celina Gavino, que foi uma das grandes responsáveis pelo meu processo de transformação, bem como, uma forte figura de incentivo para a criação desse método. Qual seja, entender que o cliente que retorna a consulta já não é mais o mesmo, portanto, a cada consulta recebo o mesmo diferente cliente.

Quem é o facilitador?
Ele é um interlocutor desse processo. Este interlocutor é um profissional da Educação, com formação em filosofia e/ou psicologia.

Por que um Educador?
O Educador é aquele profissional cuja formação acadêmica é pedagogia. O pedagogo é aquele que acompanha o outro no processo de aprendizagem. Eu afirmo que a aprendizagem é tanto mais saborosa quando o conhecimento que ele adquire sobre o que deseja está incorporado em sua vida, ou faz sentido na sua aspiração de vida futura. Abrir o caminho para permitir a aprendizagem sobre qualquer coisa que seja do interesse do cliente é tarefa que o pedagogo competente desempenha com muita habilidade e sensibilidade. O interlocutor auxilia no processo de (des)coberta dos valores do cliente, facilitando o processo de encontro dele com ele mesmo, para que ele seja capaz de fazer escolhas que aumentem a sua potência de agir, no mundo. Quando eu reconheço os meus valores de base, eu sou capaz de saber identificar o que eu quero e o que não quero para a minha vida, tornando-me potente para criar novos valores ou simplesmente acolher como meus aqueles que eu recebi e julgo pertinente em meu percurso.
Não existe o bom ou mau valor, mas aquele que é melhor na vida de cada um. O respeito aos valores trazidos e posteriormente escolhidos por cada cliente é ponto fundamental para a transformação do processo ético.

O que é a ética e o que é a moral, neste trabalho?
A ética é a forma como cada um de nós está e age no mundo. A moral são os códigos que incorporamos para estarmos e agirmos no mundo. A ética diz respeito a minha ação no mundo, independente dos valores que eu aprendo ou incorporo. Porém, só é tratada como ética quando a minha ação é entendida e capaz de ser explicada e defendida por mim, mesmo que fira os padrões da sociedade vigente - neste caso, tenho que ser capaz de responder pelos meus atos, em conformidade com as regras impostas pela sociedade.
Em toda ação ética existe o componente moral, posto que vivemos em sociedade. O mais importante é que saibamos responder por nossas escolhas, independente dos valores imputados pela sociedade. Costumo dizer que a pessoa ética não precisa de um código moral para ditar as regras de como deve ser a sua vida, posto que ela sabe o que é ou não melhor para ela.

Por que é terapêutico?
O termo "terapêutico" se origina na Grécia, usado para designar os escravos que eram uma espécie de enfermeiros encarregados de cuidar de quem necessitava. Significa: "aquele que cuida".
Hoje, chamamos terapêutica, toda a forma de cuidado assistido.
O cuidado terapêutico com o outro deve, necessariamente, gerar a transformação de quem é cuidado. Porém, para que isso ocorra, o cliente deve estar disponível, aberto para o processo. Sem a entrega do cliente, a transformação não acontece. Sendo assim, afirmamos que 50% da resposta da terapia é do cliente, os outros 50% são méritos distribuídos, inclusive com o terapeuta, mas não apenas por ele.

Por que chamar o terapeuta de facilitador?
O termo "facilitador" foi acolhido por mim ao longo de 10 anos, quando fui aluna de Biodanza. Foi na Biodanza que ouvi o termo ser usado pela primeira vez, na incumbência de quem estava conduzindo o grupo. Achei fantástica a aplicação do termo ao trabalho. Acredito que sempre que estamos sob a responsabilidade de condução de qualquer projeto, somos os facilitadores daquele processo.

A quem se destina?
A qualquer pessoa que deseja (re)pensar a sua vida e criar novas possibilidades, mais potentes, para vivenciar seu percurso a sua maneira e não como os outros gostariam que fosse.
Aos adolescentes, em especial, o trabalho pode ser destinado a escolha da carreira. E, neste caso, o comprometimento precisa ser do adolescente, muito mais do que da família, uma vez que trabalharemos com a desconstrução dos valores de base, na intenção de encontrar o projeto de vida que mais vai ao encontro das aspirações do cliente e não da família.


* Usei o termo "pais" por entender que, hoje, a criança, ao nascer, é acolhida por diferentes formas de maternidade/paternidade.

Cláudia Barbeito
Educadora, Especialista em História da Filosofia, com mestrado e créditos de doutorado em Filosofia

Saúde Mental - Rubem Alves

Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico. Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maikóvski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. van Gogh se matou. Wittgenstein se alegrou ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakóvski suicidou. Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos. Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias se comportam bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado, nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, basta fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme!), ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, que tenha a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é coisa muito perigosa... Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idiotas de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. É claro que nenhuma mamãe consciente quererá que o seu filho seja como van Gogh ou Maiakóvski. O desejável é que seja executivo de grande empresa, na pior das hipóteses funcionário do Banco do Brasil ou da CPFL. Preferível ser elefante ou tartaruga a ser borboleta ou condor. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego. Mas nunca ouvi falar de político que tivesse stress ou depressão, com exceção do Suplicy. Andam sempre fortes e certos de si mesmos, em passeatas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas. Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos. Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas se chama hardware, literalmente coisa dura e a outra se denomina software, coisa mole. A hardware é constituída por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. A software é constituída por entidades espirituais - símbolos, que formam os programas e são gravados nos disquetes. Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos, o cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo espirituais, sendo que o programa mais importante é linguagem. Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para se lidar com o software há que se fazer uso de símbolos. Por isso, quem trata das perturbações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas. Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos do Drummond e o corpo fica excitado. Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e acessórios, o software, tenha a capacidade de ouvir a música que ele toca, e de se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta, e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei, no princípio: a música que saía do seu software era tão bonita que o seu hardware não suportou. A beleza pode fazer mal à saúde mental. Sábias, portanto, são as empresas estatais, que têm retratos dos governadores e presidentes espalhados por todos os lados: eles estão lá para exorcizar a beleza e para produzir o suave estado de insensibilidade necessário ao bom trabalho. Dadas essas reflexões científicas sobre a saúde mental, vai aqui uma receita que, se seguida à risca, garantirá que ninguém será afetado pelas perturbações que afetaram os senhores que citei no início, evitando assim o triste fim que tiveram. Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. Cuidado com a música. Brahms e Mahler são especialmente perigosos. Já o roque pode ser tomado à vontade, sem contra indicações. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do Dr. Lair Ribeiro, por que arriscar-se a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. A saúde mental é um estômago que entra em convulsão sempre que lhe é servido um prato diferente. Por isso que as pessoas de boa saúde mental têm sempre as mesmas idéias. Essa cotidiana ingestão do banal é condição necessária para a produção da dormência da inteligência ligada à saúde mental. E, aos domingos, não se esqueça do Sílvio Santos e do Gugu Liberato. Seguindo esta receita você terá uma vida tranquila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, ao invés de ter o fim que tiveram os senhores que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já não mais saberá como eles eram. (Provavelmente escrito em 1994)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Fé...


Fé! Essa palavra é misteriosa - como luz na luz... Quando acreditamos que podemos, buscamos tornar realidade essa crença. Isso é muito importante para tornarmos nossa vida produtiva! Se nós podemos tudo eu não sei... Mas acredito visceralmente que podemos TUDO que podemos! 
Eu estava aqui, quietinha, no meu silêncio habitual para produção e eis que ouvi a música do Gonzaguinha, bem baixinho, em algum lugar! Ela me desconcentrou e me fez parar tudo o que eu estava fazendo... 
Fé é essa coisa que nos faz acreditar que somos capazes! Uma força que brota dentro da gente, que nos deixa soberanos diante do espelho e forte diante do mundo. 
Pois é... Nunca pare de sonhar... Eu não sei se o sol vai nascer amanhã, é provável que sim, então, independente do nosso saber hoje, que a dúvida continue fomentando as nossas buscas para que elas se transformem na melhor certeza do amanhã...