Qualidade Vivida

sábado, 28 de janeiro de 2017

Hei... Volta pra casa...

Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.
(Fernando Pessoa)

... estou correndo... correndo... correndo... cansada... cansada... cansadacansadacansadaaaa...
Assim... de tanto correr... cansei!
Assim... de tanto cansar... parei!
Assim... de tanto parar... morri...
Assim... de tanto morrer... (re)...
...nasci...

Hoje, logo pela manhã, me surpreendi ainda invadida por Pessoa... Foi preciso voltar para casa... em todos os sentidos: retornar à ética, retornar ao lar, voltar para cama, voltar para o sono, voltar a sonhar...
Voltei e voltei e voltei...

Ultimamente venho brigando com o tempo... acho que é síndrome de quem descobre que o tempo é menor agora... esqueci de ensinar ao meu corpo sobre o tempo agostiniano...
Hoje, caminho com os olhos...
Degusto com o olfato...
Olho com as mãos...
Sinto o cheiro do perfume com o meu corpo inteiro...

Com a mistura dos sentidos eu caminho na contra-mão do tempo... e ele... vai acabando...acabando...
Qual é o sentido de ter sentido, sem sentido para sentir?
Na ausência da experiência eu me revelo pelo pensamento...
Preciso sentir mais os meus pensamentos...
Preciso pensar menos no sentido dos meus pensamentos...
Não quero viver democraticamente a minha vida!
Não sou o Estado...
Sou o meu estado.
Estou no estado que está acabando...
Que força é essa que brota de mim, no outro?
Eu sou o outro, inclusive.
Quero a mim mesma de novo...
Volta pra casa, preciso de você comigo outra vez!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O infinito e o inefável

O homem é um gênio; a mulher, um anjo.
O gênio é imensurável; o anjo, indefinível.
Contempla-se o infinito.
Admira-se o inefável.
(O Homem e A Mulher - Victor Hugo)

Em mim habita esse homem e essa mulher dos quais e pelos quais Victor Hugo se inspira...

O ser humano é genial, ainda que algumas vezes precise se esconder de si mesmo. E isso geralmente acontece quando fugimos de um olhar, de um toque diferente, de uma palavra com vários sentidos... O nosso anjo nos protege daquele diabo que nos cutuca... mas acredito que os dois - anjo e diabo - se amam tanto que não conseguem desapegar um do outro, gerando em nós as multiplicidades de emoções... Emoções que não podem mesmo ser mensuradas tampouco definidas, mas expressas no sentimento que nos invade quando estamos diante do que nos apavora e, ao mesmo tempo, nos atraí.
Ah... o infinito é a minha casa e o inefável traduz como a habito... o infinito é o que me convida ao mergulho e o inefável aquele que me faz desejar o que não consigo traduzir... o infinito é o lugar para onde eu sempre estou indo e o inefável o meu percurso nesse caminho... o infinito é aonde eu consagro o meu amor - diariamente - e o inefável a sua expressão mais fiel...
Eu sou o homem de Victor Hugo, cuja razão me protege com lágrimas...
Eu sou a mulher de Victor Hugo, cujo evangelho me aperfeiçoa dos códigos que me atormentam...
Eu sou a mistura de Victor Hugo, nas glórias e virtudes... que diante das derrotas vislumbra um outro percurso por ter  no virtus a divina potência da transformação...
Eu sou o domingo que repousa,
a segunda que inicia,
a terça que desenvolve,
a quarta que verifica,
a quinta que cria a expectativa,
a sexta que desfruta,
o sábado que reúne.
Eu sou todos os dias da semana...
também o domingo que inicia, a segunda que repousa, a terça que cria a expectativa, a quarta que desenvolve, a quinta que desfruta, a sexta que reúne e o sábado que verifica...
Eu sou a mistura que se consagra nos teus olhos...
Um brinde ao delírio e ao desconforto... eles nos tiraram do lugar...