Qualidade Vivida

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Sobre novelas, BBB e os intelectuais de plantão

Uma história deixa de ser "uma" quando ela cai em domínio público. Alguns amigos insistem em me julgar por eu assumir publicamente que assisto, hoje, novelas e alguns programas odiados pelos "intelectuais de plantão". Digo hoje porque sempre trabalhei o dia inteiro, de forma que a televisão na minha casa era mero objeto de decoração. Evidente que ligo pouquíssimo a dita cuja posto que só me deixo invadir pela telinha quando quero e com o que quero.
Televisão é entretenimento! E foi assim que assumi a entrada dela na minha vida.
Quando assisto a um programa qualquer de televisão eu olho aquela história através da minha história e não com a história do seu criador. Lembro-me de uma conversa que tive com o roteirista de um filme ganhador de vários prêmios - Marcello Quintela -, que me surpreendeu ao dizer que achava curioso as diferentes análises que estavam fazendo do seu curta, uma vez que a maioria delas nem passaram pela sua cabeça. Fiquei com aquilo e evidentemente compreendi que nem poderiam... cada um de nós, ao assistir um filme, um documentário, um seriado, uma novela..., o fazemos com as nossas questões e valores. Cada um tem o seu olhar múltiplo e simultâneo acerca de uma mesma imagem. É essa pluralidade que enriquece as nossas vidas. É fundamental que estejamos abertos para diferentes olhares, leituras, sentimentos, emoções que a história do outro impacta em nós. Nos reconhecemos no outro, em outras palavras: eu existo porque você existe! Portanto, sempre que algo o incomodar profundamente, a ponto de você atacá-lo veementemente e publicamente, vale um olhar mais generoso do quê do outro existe naquela situação que o tira do sério. Outro convite potente que ouso fazer é o de que você seja capaz de assistir qualquer coisa, com o olhar crítico positivo, quando se tratar de entretenimento. Deixe as questões negativas para a vida violenta, da qual fazemos parte e não podemos nos ausentar. Nada tem o poder de nos alienar quando somos críticos construtores de nossas vidas. E, caso algum programa cause tamanho estrago na sua vida, o problema é seu que permitiu que a sua vida fosse invadida. Nossos valores só serão ameaçados quando eles não forem significativos o suficiente para nós. Aí sim vale uma profunda reflexão sobre o que está acontecendo...
A arrogância intelectual nos deixa de fora de situações divertidas, curiosas e de aprendizagem.
Assisto novela, BBB, desenho animado, comédia romântica, atualmente leio Paulo Coelho e muitos outros livros de autoajuda, sabe por quê? A leitura é minha e eu não sou melhor ou pior intelectual por isso e nem deixo de ler ou assistir aos meus programas cult. Na minha vida tem espaço para diferentes perspectivas, principalmente se forem divertidas e transformadoras. Lembrando que o poder de transformar está em mim e não no outro. Ao outro cabe apenas o convite...