Essa semana, discutindo com as minhas filhas sobre maternidade, me vi defendendo arduamente (coisa que faço quando acredito em alguma ideia) a possibilidade de que filhos e amor de par têm pouco a ver com a concepção de família que eu acredito. Para minha própria surpresa, pois sou filha de um casamento bem sucedido! Por conta disso, decidi debruçar, mais uma vez, meus neurônios nesse assunto e constatei o seguinte: meus pais - casamento raro, hoje em dia - não priorizaram os filhos em suas relações (como eles acreditam) de par! Essa foi outra difícil constatação... Eles priorizaram um ao outro e no meio do caminho eu e meus irmãos íamos acontecendo (adoro essa construção: no meio do caminho eu vou acontecendo). Como o amor entre eles sempre foi muito grande, aprendemos por experiência vivencial que o amor é base de relação! Em que isso acarretou? Uma baita dificuldade em estabelecer uma relação de par que seja ausente de amor (Eros). Como pertencemos a uma geração em que a banalização do casamento foi se constituindo por conta de alguns movimentos de identidade de gêneros, a nossa decisão sempre foi apostar na relação onde o sinônimo de felicidade é amor! Não sendo, estamos prontos para uma próxima investida! Lógico que minhas filhas aprenderam a desejar um homem que personifique essa imagem... Lógico que isso é difícil de encontrar, pois na maioria das famílias ou o casamento é fachada e serve como esconderijo da covardia para investir no desconhecido ou ele simplesmente não é! Sigo afirmando que uma coisa são os filhos e a outra é a relação de par! Para mim, está mais do que na hora de revirarmos os valores que banalizam a família para providenciarmos uma condição amorosa de par mais gostosa e real! E assim, possibilitarmos o nascimento de uma nova identidade familiar.
O que eu espero? Que eu - tanto quanto as minhas filhas - possa escutar o que a minha mãe ouviu do meu pai, assim que ele terminou a cirurgia de implantação de prótese no fêmur, no dia 14 de março de 2012: " Sabe o que eu mais quero Irinha? Que isso tudo termine logo para voltarmos a dançar juntos, como quando nos conhecemos".
O que aconteceu comigo? Abracei os dois e chorei junto! Eu sou filha de lua de mel, mas poderia ter sido planejada e construída num laboratório que a minha base de valores sobre um casamento/relação de par seria a mesma, por uma razão muito simples: Foram eles que transmitiram os valores iniciais que alicerçaram a minha construção moral, por conta disso, não consigo desejar nada menos que isso! O meu par tem que ser antes de tudo meu companheiro de vida!
Sigo acreditando que amar vale a pena, mas principalmente o gozo! Filhos? São amores diferentes... O principal é base da educação: quando existe coerência todo o resto flui...