Qualidade Vivida

domingo, 29 de abril de 2012

Ética do amor

Acho que tem alguém me observando... Deve ser a outra de mim! Essa que é do tipo Deus... Ou será a minha pior versão? Seja como for, o meu convite é para que repensemos essa nossa brincadeira de criação... Não! Não vejo nenhum problema em pegarmos emprestado da Natureza a possibilidade de fazermos essa coisa de bebês em nós, mas acho que devemos repensar os valores para recebermos essas pessoinhas de maneira mais humana. Minha sugestão? Que tal reconstruirmos a ideia de amor (por uma ética do amor - lugar de morada e abrigo do que impulsiona o ser humano à vida)? Sim! Podemos começar pelo princípio... A pessoa morreu e mesmo assim é capaz de gerar um ser, em outra? Ok! E como será construída a família que receberá essa criaturinha do Deus que habita em nós?
Essa semana, discutindo com as minhas filhas sobre maternidade, me vi defendendo arduamente (coisa que faço quando acredito em alguma ideia) a possibilidade de que filhos e amor de par têm pouco a ver com a concepção de família que eu acredito. Para minha própria surpresa, pois sou filha de um casamento bem sucedido! Por conta disso, decidi debruçar, mais uma vez, meus neurônios nesse assunto e constatei o seguinte: meus pais - casamento raro, hoje em dia - não priorizaram os filhos em suas relações (como eles acreditam) de par! Essa foi outra difícil constatação... Eles priorizaram um ao outro e no meio do caminho eu e meus irmãos íamos acontecendo (adoro essa construção: no meio do caminho eu vou acontecendo). Como o amor entre eles sempre foi muito grande, aprendemos por experiência vivencial que o amor é base de relação! Em que isso acarretou? Uma baita dificuldade em estabelecer uma relação de par que seja ausente de amor (Eros). Como pertencemos a uma geração em que a banalização do casamento foi se constituindo por conta de alguns movimentos de identidade de gêneros, a nossa decisão sempre foi apostar na relação onde o sinônimo de felicidade é amor! Não sendo, estamos prontos para uma próxima investida! Lógico que minhas filhas aprenderam a desejar um homem que personifique essa imagem... Lógico que isso é difícil de encontrar, pois na maioria das famílias ou o casamento é fachada e serve como esconderijo da covardia para investir no desconhecido ou ele simplesmente não é! Sigo afirmando que uma coisa são os filhos e a outra é a relação de par! Para mim, está mais do que na hora de revirarmos os valores que banalizam a família para providenciarmos uma condição amorosa de par mais gostosa e real! E assim, possibilitarmos o nascimento de uma nova identidade familiar. 
O que eu espero? Que eu - tanto quanto as minhas filhas - possa escutar o que a minha mãe ouviu do meu pai, assim que ele terminou a cirurgia de implantação de prótese no fêmur, no dia 14 de março de 2012: " Sabe o que eu mais quero Irinha? Que isso tudo termine logo para voltarmos a dançar juntos, como quando nos conhecemos".
O que aconteceu comigo? Abracei os dois e chorei junto! Eu sou filha de lua de mel, mas poderia ter sido planejada e construída num laboratório que a minha base de valores sobre um casamento/relação de par seria a mesma, por uma razão muito simples: Foram eles que transmitiram os valores iniciais que alicerçaram a minha construção moral, por conta disso, não consigo desejar nada menos que isso! O meu par tem que ser antes de tudo meu companheiro de vida! 
Sigo acreditando que amar vale a pena, mas principalmente o gozo! Filhos? São amores diferentes... O principal é base da educação: quando existe coerência todo o resto flui...

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