Qualidade Vivida

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Lembrança...

"O que quer que você faça na vida, será insignificante. Mas é muito importante que faça, porque ninguém mais fará. Como quando alguém entra e metade de você diz: 'você não está preparado'. Mas a outra metade diz: 'torne-a sua para sempre'.
(Remember Me)


Pois é...  Por ocasião de uma visita de fim de semana que meus pais me fizeram, notei um comportamento mais intenso do meu pai na minha direção; como se ele tivesse querendo deixar claro o amor dele por mim, sabe?! Ele sempre foi MUITO carinhoso, especialmente comigo, mas, ultimamente, tenho percebido uma certa ansiedade no comportamento dele: uma espécie de delimitação de território que jamais será ocupado por qualquer outra pessoa... Do jeito dele: carinhoso e companheiro, garantindo a eternidade de cada momento que passamos juntos. 
Eu estava na cozinha, preparando o almoço para nós - eles gostam de comer a minha comida quando estão na minha casa - e meu pai me rodeava o tempo todo, dando beijinho, fazendo carinho, perguntando se eu precisava de ajuda, enquanto minha mãe estava sentada à mesa fazendo seus artesanatos... Num primeiro momento eu cheguei a ficar um pouco irritada com aquele assédio:
- Chega, pai! Vai ler o seu jornal. Que grude...
- Só quero ajudar, filha. Poxa, só tô fazendo carinho ( é a cara dele se vitimizar).
Quando ele saiu da cozinha, eu respirei fundo (fiquei um pouco irritada com aquela presença intensa dele, naquela manhã de sábado) e pensei: calma, Claudinha, amanhã eles irão embora e você vai sentir saudade novamente. Relaxa, curte seus pais, sem neuras...
E ali estava eu, a pessoa mais carente do planeta, que ADORA um carinho, recebendo dos pais o maior chamego. Deixei a emoção entrar e gritei: "Paizinho, vem cá. Fica aqui com a gente. Tô precisando de ajuda sim! Lava essa louça pra mim e enquanto isso eu termino com os temperos". Foi muito bacana - como geralmente é! Meu pai é do tipo que fica na dele, caladinho (é deficiente auditivo rebelde, que só usa o aparelho quando quer), mas se percebe que alguém tem interesse no que ele tem pra contar, pronto! Fala compulsivamente e repete a mesma história incontáveis vezes... E assim, naquela cozinha apertada, eu, mamãe e ele, eternizamos aquele momento: ele falava, nós ouvíamos e riamos com as histórias - conhecemos TODAS, pois ele é o passado dele, como se o presente não existisse...
Assisti "Remember Me" e me dei conta dos inúmeros momentos bacanas que deixo escapar... Natural! A vida é assim... Mas confesso que estou mais atenta - principalmente com eles... Dois queridos! E querem saber?! Quando desejamos muito alguma coisa devemos - isso mesmo: é um dever que temos conosco - fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para realizá-la. O momento seguinte pode não existir porque não existe mesmo e também porque no momento de sua existência ele pode estar ausente do que ele se propunha no momento anterior. A vida é isso: uma sucessão de instantes interrompidos que podem se eternizar nos lapsos em que se estabelecem. Bom mesmo é quando conseguimos marcar presença nesses lapsos! Tô aqui, pai e mãe! Às vezes de saco cheio, às vezes cheia de amor, às vezes indiferente. Mas sempre aqui, com o meu coração cheio de amor por vocês (um amor que nunca se esvaziou)... 
P.S.: Meus pais se tornaram um do outro pra sempre...

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