(Remember Me)
Pois é... Por ocasião de uma visita de fim de semana que meus pais me fizeram, notei um comportamento mais intenso do meu pai na minha direção; como se ele tivesse querendo deixar claro o amor dele por mim, sabe?! Ele sempre foi MUITO carinhoso, especialmente comigo, mas, ultimamente, tenho percebido uma certa ansiedade no comportamento dele: uma espécie de delimitação de território que jamais será ocupado por qualquer outra pessoa... Do jeito dele: carinhoso e companheiro, garantindo a eternidade de cada momento que passamos juntos.
Eu estava na cozinha, preparando o almoço para nós - eles gostam de comer a minha comida quando estão na minha casa - e meu pai me rodeava o tempo todo, dando beijinho, fazendo carinho, perguntando se eu precisava de ajuda, enquanto minha mãe estava sentada à mesa fazendo seus artesanatos... Num primeiro momento eu cheguei a ficar um pouco irritada com aquele assédio:
- Chega, pai! Vai ler o seu jornal. Que grude...
- Só quero ajudar, filha. Poxa, só tô fazendo carinho ( é a cara dele se vitimizar).
Quando ele saiu da cozinha, eu respirei fundo (fiquei um pouco irritada com aquela presença intensa dele, naquela manhã de sábado) e pensei: calma, Claudinha, amanhã eles irão embora e você vai sentir saudade novamente. Relaxa, curte seus pais, sem neuras...
E ali estava eu, a pessoa mais carente do planeta, que ADORA um carinho, recebendo dos pais o maior chamego. Deixei a emoção entrar e gritei: "Paizinho, vem cá. Fica aqui com a gente. Tô precisando de ajuda sim! Lava essa louça pra mim e enquanto isso eu termino com os temperos". Foi muito bacana - como geralmente é! Meu pai é do tipo que fica na dele, caladinho (é deficiente auditivo rebelde, que só usa o aparelho quando quer), mas se percebe que alguém tem interesse no que ele tem pra contar, pronto! Fala compulsivamente e repete a mesma história incontáveis vezes... E assim, naquela cozinha apertada, eu, mamãe e ele, eternizamos aquele momento: ele falava, nós ouvíamos e riamos com as histórias - conhecemos TODAS, pois ele é o passado dele, como se o presente não existisse...
Assisti "Remember Me" e me dei conta dos inúmeros momentos bacanas que deixo escapar... Natural! A vida é assim... Mas confesso que estou mais atenta - principalmente com eles... Dois queridos! E querem saber?! Quando desejamos muito alguma coisa devemos - isso mesmo: é um dever que temos conosco - fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para realizá-la. O momento seguinte pode não existir porque não existe mesmo e também porque no momento de sua existência ele pode estar ausente do que ele se propunha no momento anterior. A vida é isso: uma sucessão de instantes interrompidos que podem se eternizar nos lapsos em que se estabelecem. Bom mesmo é quando conseguimos marcar presença nesses lapsos! Tô aqui, pai e mãe! Às vezes de saco cheio, às vezes cheia de amor, às vezes indiferente. Mas sempre aqui, com o meu coração cheio de amor por vocês (um amor que nunca se esvaziou)...
P.S.: Meus pais se tornaram um do outro pra sempre...
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