Qualidade Vivida

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Brisa Nasceu! Doce morte diária...

Podes me indicar alguém que dê valor ao seu tempo, valorize o seu dia, entenda que se morre diariamente? Nisso, pois, falhamos: pensamos que a morte é coisa do futuro, mas parte dela  já é coisa do passado. Qualquer tempo que já passou pertence à morte.
(Sêneca. Aprendendo a viver. pag. 15)

Hoje acordei em ritmo diferente... Eis que no fim da prática de Yôga ontem, na hora das "invertidas", perdi a força nos quadris! Estava eu, ali na casinha da árvore, deitada, imóvel! Naquele instante me deu uma tristeza sem fim! E agora, Claudinha? Respirei fundo e deixei meu corpo pesar naquele tatâmi.  Meditei. Em seguida, mais calma, me consultei sobre o que eu poderia fazer naquele momento e a resposta estava no meu próprio corpo. Com a ajuda das minhas mãos e do movimento do meu tronco eu consegui suspender as pernas que pareciam pesar toneladas. Constatei (mais uma vez) que minhas pernas respondiam mais do que eu supunha. Nada aconteceu com o resto do meu corpo, apenas com os meus quadris! De onde vem a força do quadril? ABDÔMEN e LOMBAR! Encontrei o que procurava! Sem desespero, encerrei a prática junto com a turma e levei para casa aquele desconforto. Nenhuma dor me acompanhava, apenas uma fadiga extrema. Ontem não fui de bicicleta! Ufa... Entrei no carro e vim dirigindo só pensando naqueles instantes intermináveis da impotência de não conseguir levantar as pernas do chão, como normalmente faço. Saí do carro sentindo que algo diferente estava acontecendo comigo. FADIGA! Minha fiel companheira! Sem muito "mimimi", fui direto para o banho. Tudo estava lentificado... Precisava comer alguma coisa, mas até a fome me deixou sozinha... Então, sem fome, fui direto para cama. Ao deitar-me, lembrei que precisava escovar os dentes! E agora? Esbarrei na falta de força para levantar meu corpo da cama. Minhas mãos ajudaram-me mais uma vez e eu fui firme e "forte" até o banheiro. Retornei e deitei na cama com a cabeça no amanhã. Mil questões me vieram à mente: como eu acordarei? Essa falta de força será progressiva? E se for, como farei para abrir a loja, já que minha mãe precisa levar meu pai ao médico? Por instantes me vi num caos profundo! Acabei adormecendo... 
Sabe aquela música: "Hoje é um novo dia, de um novo tempo, que começou..."? Acordei com ela na cabeça. E junto me veio a minha amiga esclerosada, Raquel Alvarenga, que criou a Alice. Já havia pedido permissão a ela para nomear a Alice que existe em mim. E ela veio com força. Chegou a Brisa. Mas Brisa? Sim! É assim que ela sempre chega em mim... suavemente... e é suavemente que ela ativa a minha força interior. Existe uma saúde em mim que beira ao insuportável! Pollyanna faria escola comigo! Dei-me conta de que a falta de força diminuira. Mas ela ainda estava lá. Foi mais fácil levantar-me da cama, mas só foi possível com a ajuda das mãos/braços. Se morro diariamente, e hoje abri os olhos mais uma vez, hoje renasci de novo. E foi com essa força ausente da força que dei início ao meu dia. Na memória, escondia-se atrás de uma cortina qualquer as palavras de Sêneca e se ele estivesse aqui eu diria: Essa pessoa sou eu! Hoje é um outro dia, que será completamente diferente de ontem e quando chegar a hora da prática de hoje, estarei pronta para vivenciar o que for necessário - com ou sem invertida. Nada para mim é tão certo como a morte diária. A eternidade se dá na transcendência do que realizamos: livros, árvores plantadas, filhos, memórias... Já a minha vida é imanente. Sendo assim, cabe a mim transformá-la em algo muito, ou melhor, ultramegapower bacana! Com ou sem força! Assim, o meu grito de guerra plagiado da animação Toy Story faz sentido! Então é isso, gente... Ao infinito e além, porque o Caminho de Santiago me espera!


#EM #FortesemForça #NaMiradoCaminhodeSantiago #Brisachegou


Um comentário:

  1. Querida Claudia,
    Emocionei... palavras são grávidas de sentidos, de imagens, de imaginações e de liberdade! Seja bem vinda, Brisa! Minha Alice espera tomar café com você um dia...Colocar nossos limites em terceira pessoa é pedir licença as palavras quando o peso nos parece demais. Criar é libertador!! Parabéns!

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