Qualidade Vivida

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A escolha

"Em trabalhos práticos de física, qualquer aluno pode fazer experimentos para verificar a exatidão de uma hipótese científica. Mas o homem, por ter apenas uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar a hipótese por meio de experimentos, por isso não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a seu sentimento". (A insustentável leveza do ser)

Pedro me excita às ideias, me conduz a um lugar que eu jamais imaginei que encontraria companhia, me alegra a vida, me arranca inspiração, me faz desafiar os meus próprios limites, me apresenta o desconhecido, me é companhia agradável e que não me faz desejar ir embora. Com ele desejo dormir e acordar, e, algumas vezes, fazer amor, quem sabe...
Antônio acelera meu coração, me rouba o ar, me arranca da racionalidade, me faz perder a noção de tempo, me distrai do trabalho, me sufoca de saudade, me faz sentir ciúmes do que não estou capaz de viver com ele. A ausência dele me tira o sono, vou do céu ao inferno em frações de segundos. Quando estamos juntos não durmo - cochilo!  

Com Pedro não preciso obedecer, não há ordens a serem cumpridas, não "temos que" nada, apenas somos um e outro quando estamos juntos e temos necessidade de sermos distintos - enriquecedoramente diferentes...
Com Antônio tem protocolo, registro de notas, marcação de desempenho e quando estamos juntos somos um só - fundidos pela necessidade daquela eternidade. Não há diferença que dê conta quando nossos corpos se misturam... Somos desesperadamente iguais na necessidade que temos um do outro...

A diferença entre mim e Pedro é marcada pela semelhança das vontades - aquela necessidade infindável de aprender o que um tem a acrescentar ao outro... não há disputa em saber quem é mais útil a quem: sabemos que até nosso silêncio é bem vindo...
A semelhança entre mim e Antônio situa-se na diferença das nossas realidades  - É a  negação de uma das duas vidas que torna possível a nossa existência enquanto casal...

Antônio me faz sentir leve depois de uma noite de amor, enquanto Pedro me apresenta a importância do peso da sua cumplicidade. Pedro é a pluma que me faz seguir a direção do vento, sem medo de errar o caminho. Antônio é pedra que me atormenta quando necessito ir embora. Pedro é pedra que se transforma em totem enquanto caminhamos juntos. Antônio é pluma que não se sustenta sem as suas raízes. 

Pedro e Antônio são amores diferentes num mesmo caminho. Caminhar com Pedro é seguir sem os disparos do coração, acreditando na cumplicidade do amor. Escolher Antônio é percorrer com coração na boca, acreditando na capacidade de viver apaixonada... Toda escolha implica numa renúncia, que nos traz uma aquisição. Para ganhar é preciso saber perder. A vida não permite segunda chance ou ensaio para sabermos se dará certo. Em algum momento é preciso correr o risco!
Apostei  desde aquele instante presente que a minha escolha era a melhor que eu podia fazer. E ao decidir entre Pedro e Antônio fiquei sem os dois. A vida não me deu tempo para escolher entre um e outro, e eles seguiram sem mim... Mas, amadurecer a escolha também foi uma escolha... 

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