Qualidade Vivida

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Doce Mônica!

"Um amigo me chamou pra cuidar da dor dele,
 guardei a minha no bolso. E fui".
(Clarice Lispector)

Hoje é um daqueles dias em que eu fabrico coisas... uma lata de doce de leite ao meu lado e a minha imaginação fértil são o suficiente para eu acreditar que posso ter a minha vida de volta. É só isso... Roubaram minha vida de mim e eu permiti! A garota legal precisou se recolher. Me fizeram acreditar que eu era a Mulher Maravilha quando eu queria ser apenas a Penélope Charmosa... O problema é que nessa criação de expectativa de mim, não fui nem uma, nem outra. Dos personagens estou muito mais para a Mônica, do Maurício de Souza, com direito a coelho na mão... A questão que fica é que nem o doce Cebolinha aguenta tanta chatice... Chamei um amigo para cuidar da minha dor... Não consegui me entregar e como Clarisse Lispector, guardei a minha dor e fui ao encontro da dor alheia... foi mais fácil... Estou precisando brigar com Deus novamente, quem sabe assim ele resolve se fazer presente...
Lendo Cris Guerra, me dei conta de que é preciso se acostumar a conviver com alguns sentimentos, até que eles possam ir embora. A morte aparece incontáveis vezes e de maneiras diferentes, todos os dias. É realmente fundamental viver o luto para não viver de luto... "A morte se repete muitas vezes. Ao acordar, está lá a morte de novo. A cada lembrança, outra morte. Até que em nós ela morra de fato - e isso demora." Não respeitar o luto de uma situação de morte em nós ou de nós é o mesmo que guardar ressentimento (o termo ressentir significa sentir novamente), um dia ele volta e com força. 


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