...O motivo disso é que nossa antiga natureza era assim e nós éramos um todo; e portanto
ao desejo e procura do todo que se dá o amor (Platão.O Banquete. 193 a)
Pensar em Eros como Amor e como Amigo é tão profundo e tão completo... Muitas são as metáforas platônicas que me encantam, certamente... Ter passado boa parte da minha vida apressada por esse encontro, me afastou dele terrivelmente... A minha metade homem precisava trabalhar para colocar dinheiro dentro de casa. A minha metade mulher precisava passar, lavar, cozinhar, arrumar a casa, colocar as crianças para a escola e ainda ensiná-las a se virarem, posto que ensinar a ler, escrever e contar não era função minha, mas da escola. A mim cabia tão somente dar estrutura para que a aprendizagem acontecesse, e quando falo de estrutura me refiro ao termo no latu senso: amor, carinho, lar, comida na mesa, respeito ao próximo, etc, etc, etc...
E nessa mistura de gêneros que me foi imputada tão marcadamente em suas funções: o homem é o que trabalha fora e a mulher a que cuida da casa e dos filhos, eu construí a minha identidade masculina e feminina. O problema foi que elas sempre estiveram tão ocupadas que nunca se encontraram... E assim, não fizeram amor, não foram amigas, não se ajudaram na saúde, porque simplesmente não se conheciam. Foi preciso me deixar adoecer para que elas finalmente se encontrassem.
A quem pertence o tempo? Quem o fabricou? Para que me deixei ser controlada por ele, como se ele fosse um agente externo?
Sim... foi ter compreendido que sou eu quem o defino e priorizo, logo o governo, que tornou-se possível o encontro das minhas duas metades, em mim... Tempo: compositor do meu destino...
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